A Pedra e a Promessa - o sertão espera, mas não é inerte

A Liberdade caminhava há tempos. Mas, no sertão, a poeira não perdoa: entra nos olhos, nos pulmões, no pensamento. Mesmo assim, ela seguia, todo caminho exige suor, e não se pode chegar a um destino sem trilha por um percurso.

Nordeste do Brasil, onde o vento ecoa mais que o rádio e a água em tempos vale tanto quanto ouro, há uma crença que não seca: a de que um dia virá alguém. Um enviado. Um homem justo, forte, que trará chuva, terra, justiça. O nome muda de boca em boca. Uns acreditam em um Rei Dom Sebastião, voltando do fundo do mar; outros são mais fiéis dizem que será o próprio Nazareno. Mas a ideia é a mesma: um Messias, capaz de consertar o que o mundo quebrou.

A vida ensina que o homem nasce Livre uma matéria bruta para o trabalho, e que sua tarefa é aprender, é lapidar-se. Cada aresta corrigida, cada impulso dominado, cada vício vencido, é um golpe que molda na direção da evolução, rumo a um caminho de Luz. Mas, por muito tempo, o povo do sertão, pensava, não tenho tempo para aprender. Pois, estou ocupado demais em sobreviver. E talvez por isso a figura do Messias ganhe tanto peso: é mais fácil esperar que venha alguém pronto do que transformar-se aos poucos, no silêncio da própria construção.

É importante não julgar. Saiba que o esperar, ainda que mitológica, carrega algo sagrado. É uma maneira, um desejo profundo de ordem, de justiça, de retidão. E por isso, talvez o erro não esteja em esperar, mas em não perceber que a salvação não vem de fora.

“O sertão espera um Messias. Mas todo Homem Livre sabe: a redenção começa quando aceita ser iniciado na construção de si mesmo.”

Porque quem carrega a instrução, sabe que o tempo não é obstáculo — é ferramenta.