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O CELULAR PROIBIDO E A EDUCAÇÃO TERCEIRIZADA

Foto do escritor: Mário Alves.'.Mário Alves.'.


A cena se repete todos os dias. Na porta da escola, pais e mães entregam seus filhos como quem despacha um pacote nos Correios. "Cuida bem, viu?" dizem, antes de voltar para suas rotinas, umas bem ocupadas outras nem tanto. Lá dentro, os professores assumem um papel que vai além do ensino (o que é um erro): são babás, psicólogos, conselheiros e, agora, agentes de fiscalização tecnológica. O novo inimigo? O celular.

A lei que proíbe o uso de celulares nas escolas veio como um presente de grego para os professores. Com a justificativa de melhorar a atenção dos alunos e combater distrações, mitiga o professor, minimizando a possibilidade de ensinar o uso consciente da tecnologia e colocou sobre ele mais um fardo: o de vigiar e punir. Como se o problema da educação estivesse resumido a uma tela brilhante no bolso do estudante.


A verdade é que a escola se tornou o bode expiatório de um problema que começa em casa. Os mesmos pais que reclamam do tempo excessivo que os filhos passam no celular são os que entregam um aparelho na mão da criança antes mesmo dela aprender a falar direito. E, quando a escola tenta impor algum limite, lá estão eles, prontos para questionar: "Meu filho precisa do celular para me chamar caso aconteça algo!" Ora, mas não era para a escola ser um ambiente seguro?


É curioso como a tecnologia só se torna um problema quando atravessa os muros da escola. Em casa, na hora das refeições, o celular está lá, substituindo o diálogo. No carro, no shopping, na sala de espera do médico, ele é a babá moderna, entretendo crianças para que os adultos possam ter um pouco de paz. Mas na escola, de repente, vira um vilão absoluto.


Ao invés de proibir, não seria mais inteligente ensinar? Mostrar aos estudantes que o celular pode ser uma ferramenta de aprendizado, um meio de pesquisa, um suporte para o ensino? Mas isso daria trabalho, despesa para formar os professores, além de que exigiria um envolvimento maior dos pais e da própria escola na educação digital dos jovens. E é sempre mais fácil proibir do que educar.


No fim, a proibição do celular na escola é só mais um reflexo do hábito que adquirimos de terceirizar responsabilidades. A família joga para a escola o dever de educar. A escola, sem apoio, impõe restrições e espera que os professores deem conta de tudo. E os estudantes, perdidos entre regras e contradições, continuam sendo influenciados – não pelo caminho científico das salas de aula, mas nas telas que todos fingem ignorar.

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