Celulares em sala de aula são nocivos para estudantes? João Pessoa discute proibição
Projeto de lei pretende regulamentar uso da tecnologia na sala de aula, na capital. Na PB, lei proíbe aparelho em escolas estaduais.
No Brasil, 249 milhões de aparelhos celulares estão em circulação, confirme dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Isso corresponde ao percentual de 1,2 smartphones por pessoa. Ou seja, em um cenário onde o número de dispositivos eletrônicos é superior ao da população (203,1 milhões)é eminente a presença do item em locais onde o uso recreativo e indevido pode gerar consequências.
Um documento da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) divulgado recentemente colocou o assunto em discussão. O Relatório Global de Monitoramento da Educação 2023 intitulado “A tecnologia na educação, uma ferramenta a serviço de quem?” referencia a nocividade do uso desenfreado dos aparelhos eletrônicos ao processo de aprendizagem.
“O uso da tecnologia pelos estudantes em salas de aula e em casa pode ser uma distração, prejudicando a aprendizagem“, diz o texto.
Foto: Cecília Bastos / USP Imagem
Na Paraíba, a lei Nº 8.949, de 2009, proíbe o uso de telefone celular dentro das salas de aulas nas escolas da Rede Pública Estadual. A decisão – que segue em vigor – foi alvo de tentativas de veto por parte do governo estadual. O insucesso deve-se à Assembleia Legislativa (ALPB), que garante a proibição.
Movimentação em João Pessoa
Em pronunciamento na Câmara Municipal, no dia 8 de agosto deste ano, a vereadora Eliza Virgínia (PP) alertou para os riscos do uso excessivo de smartphones em sala de aula. Ela protocolou um Projeto de Lei (PL) que tem o objetivo de reformular a lei atual. Ao Portal T5, ela explicou o que espera da propositura:
“O projeto que protocolei não proíbe exatamente o uso de celulares. Trata-se do uso recreativo do celular. O professor querendo fazer uso dos dispositivos eletrônicos seja tablet, computador ou celulares de uma forma educativa logicamente o aparelho será permitido”, disse.
Ela lembra que a prefeitura da cidade entregou, inclusive, tablets conectados à internet para os alunos. “Isso, para uso com sabedoria, dentro dos critérios educativos”.
“Nós estamos cansados de ver professores que se queixam que os alunos, dentro da sala, na hora da aula, começam a jogar, olhar redes sociais, tirar selfie… isso tem prejudicado muito o comportamento e aprendizado dos alunos. É por isso que propomos uma lei”
Pontos distintos
Ainda de acordo com a parlamentar, a lei estende a proibição para as escolas privadas, além das instituições públicas de ensino. “Isso é a inovação da lei, que também traz esclarecimentos às escolas, que poderão trazer regras e punições disciplinares caso o aluno entre em choque com normativa”, concluiu.
A professora Ana Malta, da disciplina de Ciências, no Ensino Fundamental do colégio Marista Pio X em João Pessoa, acredita que o celular é uma ferramenta importante no processo de aprendizagem, mas se queixa que o aparelho retira a atenção do aluno “prejudicando muito o processo de ensino”.
“Concordo com a proibição do uso do celular na escola, pois caso os pais tenham necessidade de falar com os alunos, eles têm esse acesso através da coordenação”, avaliou.
Ela, que é professora de alunos entre 11 e 12 anos, descreve que no início de cada aula encontra sempre o mesmo cenário: “Muitos alunos estão jogando ou assistindo vídeos no celular. No momento em que a aula começa eles guardam o celular, na maioria dos casos, precisamos solicitar”. E acrescentou: “Alguns alunos ficam conferindo o celular, exigindo do professor um olhar atento para evitar o uso do celular”.
Isolamento
Ainda segundo a professora, há estudantes que durante o intervalo – momento que permite uma maior aproximação entre os alunos – há muitos que se isolam e ficam assistindo vídeos ou jogando nos dispositivos. Ana Malta compreende que a falta de maturidade e discernimento para uso do aparelho tende a dificultar o desenvolvimento.
“Acredito que o celular pode ser utilizado como uma ferramenta para o processo de aprendizagem, como por exemplo, fotos, vídeos e pesquisa sobre o objeto de estudo, porém, a falta de maturidade no uso do celular, e a falta de um celular pode gerar muitos conflitos e constrangimento entre os alunos”, declarou.
Alunos usando a tecnologia para aprender em João Pessoa | Foto: Kleide Teixeira / PMJPF
Fonte: Portal T5
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