AS CHAGAS E CICATRIZES DA VIOLÊNCIA NA POLÍTICA BRASILEIRA
Em Brasília, é possível observar a Praça dos Três Poderes, onde é visto muito além de concreto e o mármore; é visto histórias que teimam em se repetir. Como é observado, no noticiário, manchetes como: “Conflito na Câmara - agressões entre deputados” ou “A cúpula do governo planeja assassinato de adversário político e Ministro do Supremo Federal”. Uma visão pesada que a nação carrega por toda sua história, em que se pesava que seria resolvida com a República.
No entanto, a jovem República já nasceu conflituoso. Proclamada sob a força de um golpe militar em 1889, a República não começou com um pacto democrático, mas com imposições.
O Marechal Deodoro da Fonseca, hesitante, derrubou o Império num ato que não foi pensando junto com as massas. Naquele momento, a violência simbólica de negar ao povo o protagonismo já se mostrava como seria o futuro da política nacional.
Os anos de 1920 trouxeram o tenentismo, um movimento de jovens oficiais do Exército que, insatisfeitos com a política do café com leite, resolveram que a violência era uma linguagem válida. Tomaram armas, rebelaram-se, acreditando que o caminho para uma mudança estrutural passava por golpes e levantes. O Brasil de então viu tiros que buscavam corrigir a injustiça, mas acabaram perpetuando um ciclo de violência.
E então veio 1964, com o golpe militar que instaurou uma ditadura de duas décadas. A repressão foi brutal, com torturas, desaparecimentos e censura. A violência tornou-se institucionalizada, e a política, um campo minado onde a dissidência era punida com a morte ou o exílio. A redemocratização, em 1985, trouxe esperança, mas as cicatrizes deixadas por esse período ainda são visíveis.
Já na Nova República, a violência política continuou a se manifestar. O assassinato de Marielle Franco em 2018 e o atentado contra Jair Bolsonaro no mesmo ano, ou mais recente investigação de planos de assassinato do presidente eleito Lula, seu vice Geraldo Alckmin e Alexandre de Morais Ministro do Supremo Tribunal Federal, são exemplos recentes de como a violência ainda permeia o cenário político brasileiro. Esses eventos mostram que, apesar dos avanços democráticos, a política no Brasil ainda é marcada por conflitos e agressões.
Assim, a observação da Praça dos Três Poderes, reflete sobre essas cicatrizes. O povo sonha com um futuro em que a política seja um espaço de diálogo e respeito, onde as diferenças sejam resolvidas com palavras e não com violência. Enquanto isso, um povo sonha esperançoso, mas ciente de que a as chagas da violência ainda está longe de cicatrizar completamente.
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