A CELEBRAÇÃO DA MORTE

O final de outubro e início de novembro é um período marcado por celebrações que, embora distintas, compartilham um tema comum: a morte e a memória dos que já partiram. Em diferentes culturas ao redor do mundo, essas datas são celebradas de maneiras únicas, refletindo tradições e crenças locais.

O Halloween, ou Dia das Bruxas, é talvez a mais conhecida dessas celebrações globalmente. Originário dos antigos festivais celtas, o Halloween evoluiu ao longo dos séculos, especialmente nos Estados Unidos, para se tornar uma festa de fantasias, doces e travessuras. A data, celebrada em 31 de outubro, é marcada por decorações assustadoras, abóboras esculpidas e festas temáticas. Embora tenha perdido muito de seu significado original, que envolvia a crença na aproximação entre o mundo dos vivos e dos mortos, o Halloween ainda carrega um certo fascínio pelo sobrenatural e pelo desconhecido.

No México, o Dia dos Mortos, celebrado de 31 de outubro a 2 de novembro, é uma festa vibrante e colorida que honra os falecidos. As famílias montam altares com fotos, comidas favoritas e objetos pessoais dos entes queridos, acreditando que suas almas retornam para visitar os vivos durante esse período. Ao contrário do Halloween, que muitas vezes foca no medo e no macabro, o Dia dos Mortos é uma celebração alegre, repleta de música, dança e comidas típicas. É um momento de recordar com carinho e celebrar a vida daqueles que já se foram.

No Brasil, o Dia de Finados, celebrado em 2 de novembro, é uma data de introspecção e respeito. Diferente do Halloween e do Dia dos Mortos, o Dia de Finados é marcado por um tom mais melancólico e solene. As pessoas visitam cemitérios, levam flores e velas, e rezam pelas almas dos falecidos. A tradição de orar pelos mortos remonta ao século II, quando os cristãos começaram a visitar os túmulos dos mártires. No século V, a Igreja Católica instituiu um dia anual para orar por todos os mortos, especialmente aqueles cujas almas estavam no purgatório.

No Brasil, o Dia de Finados se estabeleceu como feriado nacional, refletindo a profunda influência do catolicismo na cultura brasileira. A data é um momento de pausa e reflexão, onde as famílias se reúnem para lembrar e homenagear seus entes queridos. A pandemia de COVID-19 trouxe uma nova dimensão a essa celebração, intensificando o processo de luto e a necessidade de conexão espiritual.

Essas celebrações, embora distintas em suas manifestações, compartilham um fio condutor: a necessidade humana de lidar com a "MORTE" e de manter viva a memória dos que partiram. Seja através da alegria colorida do Dia dos Mortos, da diversão assustadora do Halloween, ou da melancolia reflexiva do Dia de Finados, cada cultura encontra sua própria maneira de honrar e lembrar os mortos. Em um mundo cada vez mais globalizado, essas tradições nos lembram da diversidade de experiências humanas e da universalidade do luto e da memória.